Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região 28/03/2024      19:39:51

ARTIGO DE OPINIÃO | Reforma Trabalhista: um combo de promessas e de mentiras que não cessam


Ano eleitoral é ano de muita promessa e mentira contada. Já não é novidade para ninguém que às vésperas das eleições surgem as soluções para todos os “problemas” do País. 2022, portanto, vai ser marcado por discursos milagrosos, daqueles que garantem que as mudanças acontecerão se fulano ou ciclano se eleger. Não caia nesse papo furado e não se esqueça de que os causadores de todos esses “problemas” foram esses mesmos que agora irão te vender novas ilusões. Não acredite em fulano e nem em ciclano, pois eles fazem de tudo para se manter no poder – seja trocando de partido, fazendo coligações ou comprando votos com o dinheiro público.

Eles jogam muito bem e ora estão em pele de lobo, ora em pele de cordeiro. Lembre-se disso quando ouvir, por exemplo, que fulano irá resolver o problema do desemprego ou que ciclano vai garantir saúde e educação. Eles só querem o teu voto para conseguir se eleger e ficar recebendo os benefícios custeados pela exploração e o sacrifício dos trabalhadores. É simples assim. O único compromisso deles é com seus financiadores de campanha (grandes grupos econômicos, multinacionais, banqueiros, etc.). A pandemia de Covid nos mostrou muito bem isso: o número de bilionários aumentou ao passo que a população, que deveria ser amparada pelos fulanos e pelos ciclanos, ficou ainda mais miserável e desassistida.

Mais um exemplo que segue retratando toda essa artimanha é a Reforma Trabalhista, vendida como a solução para o desemprego no Brasil. Aprovada em 2017, durante o governo Temer, de lá para cá só trouxe prejuízos. Na época, para convencer a população, Temer mentiu que a reforma geraria cerca de 6 milhões de empregos em 10 anos e que, logo depois de aprovada, seriam gerados outros cerca de 2 milhões de novos empregos. Três anos depois, em 2020, ele admitiu que houve “exageros” nas previsões sobre a quantidade de postos de trabalho que seriam gerados com a reforma. A verdade é que Temer não se enganou em torno da destruição da CLT e sabia que isso geraria desemprego e miséria, mas esperava, com tudo isso, agradar a grande burguesia brasileira, que teria um crescimento de seus lucros com o aumento da exploração.

Agora vejam só a semelhança: a Reforma Trabalhista aprovada no Brasil em 2017 foi inspirada na mesma Reforma feita em 2010 e 2012, na Espanha. Agora, mais de uma década depois, o governo espanhol acabou de anunciar que revogou tais reformas, quando na verdade fez apenas modificações de alguns parágrafos. Ou seja, não houve mudança dos principais pontos que precarizam as condições de trabalho. Toda essa mentira tem um propósito: seguir garantindo a tranquilidade dos patrões e preservando a essência da reforma de 2012, a qual permite que trabalhadores sejam demitidos de forma barata e fácil.

Toda essa encenação do governo da Espanha já vem sendo repercutida no Brasil mirando as eleições deste ano. Gleisi Hoffmann e Lula, inclusive, já falaram em fazer o mesmo aqui no Brasil com a Reforma Trabalhista, ou seja, fazer a “reforma da reforma”. Percebe-se, de antemão, o interesse que ambos têm de vender mais essa mentira às vésperas das eleições para passar a ideia de que agora, quando (e se) fulano se eleger, vai resolver o problema que ciclano causou. É nítido esse “jogo” de convencimento. Agora, as centrais espanholas CGT e COBAS estão chamando os trabalhadores para irem lutar nas ruas pela revogação completa da reforma trabalhista. Da mesma maneira devemos no Brasil construir uma mobilização pela revogação da reforma trabalhista e de todas as medidas aprovadas no Congresso Nacional encaminhadas pelo governo Bolsonaro.

É necessário que a classe operária declare guerra à política dos capitalistas e de seus governos. A luta por emprego exige a revogação imediata das reformas trabalhistas e o estabelecimento de um novo Estatuto dos Trabalhadores, por meio do qual se estabeleça o direito ao trabalho como um direito básico que o Estado está obrigado a garantir por uma via ou outra. A classe trabalhadora não deve mais ser submetida a esse jogo de ilusões, de conciliação e de submissão em nome do lucro. Para que isso, de fato, ocorra é preciso romper com o capitalismo, que está alicerçado no consumismo e na acumulação de lucro nas mãos de uma minoria.

Ou avançamos rumo a um novo sistema, que ofereça igualdade e oportunidade para todos, ou seguiremos experimentando a barbárie. Continuaremos permitindo que tomem as rédeas da nossa vida e que nos tirem a dignidade?

AFONSO SCHWENGBER - Presidente do Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região

28/01/2022 11:37:27




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