"Uma vida digna é a maior recompensa que um trabalhador pode ter e essa é nossa luta"

“Uma vida digna é a maior recompensa que um trabalhador pode ter e essa é nossa luta”

O dia 1º de maio, Dia do Trabalhador, nos mostra que a classe trabalhadora sempre precisou lutar para ter melhores condições de trabalho e para romper com a exploração imposta pelos patrões. Muitos foram os homens e as mulheres que ousaram fazer esse enfrentamento e que nos deixaram como legado os direitos que hoje estão sendo severamente ameaçados e eliminados. Essa data, portanto, nos traz essa reflexão e aponta que o caminho continua sendo a luta.

O inimigo dos trabalhadores, dos pobres e dos oprimidos continua sendo o capitalismo, que visa o lucro acima de tudo. Nesse momento em que enfrentamos uma verdadeira guerra sanitária contra o Coronavírus e que vemos a inoperância dos governos, especialmente na assistência aos menos favorecidos, precisamos refletir e nos perguntar o que esperamos após essa pandemia. Certamente, não teremos a mesma realidade de antes e os trabalhadores precisam se preparar para isso. É necessário que a classe trabalhadora comece a fazer debates e a discutir as formas de construir uma sociedade socialista, que ofereça oportunidades iguais para todos.

Temos visto que o capitalismo nunca teve como prioridade investir em ciência e pesquisa para enfrentar uma pandemia como a que estamos vivendo, pois está unicamente a serviço da acumulação do lucro e da concentração de riqueza na mão de poucos. Para esse sistema, as pessoas são apenas números e apenas mais um nome na estatística de mortos. Nós entendemos que está na hora de os trabalhadores começarem a discutir isso junto às suas entidades representativas, de modo que possam ter um trabalho digno e a viver melhor.

PENSAR NO COLETIVO – Ou os trabalhadores acreditam que é possível encontrar uma alternativa através das discussões coletivas, com o envolvimento de mais e mais pessoas nas decisões, ou nós seguiremos acreditando em “salvadores da Pátria” e achando que eleições irão mudar a nossa vida. É essa mudança que os trabalhadores precisam começar a fazer, esse é o desafio que temos de agora em diante, essa é a verdadeira revolução social que devemos praticar.   

O Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região sempre participou de todas as lutas que dizem respeito à defesa dos direitos dos trabalhadores e nunca se limitou a fazer apenas os enfrentamentos pelos comerciários. Sempre fomos além porque somos “a favor da vida” e a favor da família, defendemos o fim do trabalho aos domingos para que os pais tenham tempo de estar com seus filhos. Ao longo de mais de 30 anos à frente do Sindicato dos Comerciários, tivemos o compromisso de estar ao lado dos trabalhadores.

Agora, mais do que nunca, seguimos firmes com esse propósito e acreditamos que irão surgir novas direções nos movimentos sindicais após esse momento de pandemia. Os sindicatos não podem ficar limitados a lutar por horas extras ou por homologar rescisões. O nosso papel enquanto entidade representativa vai muito além disso. Para que todas as categorias sejam representadas de fato é preciso que os trabalhadores pressionem pela mudança das suas direções. Não basta exigir o assistencialismo nos sindicatos, como a oferta de médicos ou dentistas, tendo em vista que essa é uma atribuição do Estado; é preciso exigir que as entidades sindicais estejam a serviço da luta.

Nós defendemos um sindicato livre, para que os trabalhadores possam escolher por quem querem ser representados. É evidente que a pandemia irá mudar o sistema de produção e de distribuição da riqueza e os sindicatos também devem atuar nesse sentido. Se nós (o movimento sindical) não tivermos a capacidade de unidade de luta nesse momento, o capitalismo vai agir de forma ainda mais severa e o acúmulo de riqueza vai se intensificar ainda mais na mão de uma minoria. Nesse 1º de maio não podemos entrar no jogo da CUT e de outras centrais sindicais que vão fazer um ato em São Paulo e irão trazer para o palanque os inimigos dos trabalhadores, como os presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado. É inadmissível que isso ocorra, ainda mais numa atividade da classe trabalhadora, pois esses políticos já mostraram que não estão ao lado dos trabalhadores. É por isso que nós, que integramos a CSP/Conlutas, chamamos para a luta e a independência de classe.

MENSAGEM – A mensagem que deixamos é de reflexão e autodefesa. O que é mais importante nesse momento? É a nossa vida ou produzir ainda mais para os ricos? Trabalhadores, nós precisamos ser os autores da nossa história e agirmos para a resolução dos nossos problemas. Até quando vamos pagar a conta pela irresponsabilidade dos governos? Até quando vamos assistir calados o que os políticos eleitos decidem fazer com as riquezas que nós produzimos? Trabalhador e trabalhadora, acreditem na sua força e nas suas decisões. Esse 1º de maio deve servir para reforçarmos a nossa coragem e a nossa capacidade de construir uma sociedade socialista, justa e que nos permita viver com dignidade. Essa sociedade é possível, mas precisamos fazer os enfrentamentos necessários. O Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região segue disposto a fazer esse chamado a todos e todas.

AFONSO SCHWENGBER - Presidente do Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região