Sindicato dos Comerciários de Santa Cruz do Sul e Região 02/05/2024      22:27:21

Prisão para Bolsonaro, sim


Investigações sobre tentativa de golpe e casos de corrupção aproximam Bolsonaro da cadeia. Mas é preciso investigar e punir também o Alto Comando Militar.

Nos últimos dias, uma série de fatos complicou a vida de Bolsonaro e do seu entorno. Primeiro, o caso das joias. Depois de três meses preso, seu ex-ajudante de ordens, o tenente-coronel Mauro Cid, indica que confessará que serviu como mediador, junto com seu pai, o general Lourena Cid, para a venda, nos Estados Unidos, das joias surrupiadas da Presidência, a mando de Bolsonaro.

Além de servir como atravessador para a venda de joias roubadas, Cid também ajudava na organização de uma tentativa de golpe, como comprovou a inspeção da Polícia Federal em seu celular. 
Ainda nesse tema, houve o depoimento do “hacker” Walter Delgatti, à CPI do 8 de janeiro, na qual ele confirmou ter se reunido com Bolsonaro e o general Paulo Sérgio Nogueira, então Ministro da Defesa, para tentar fraudar as urnas e melar as eleições. 

Para completar os reveses do bolsonarismo no último período, houve a prisão do Comando da Polícia Militar do Distrito Federal, por sua ação no mesmo 8 de janeiro.

Não à blindagem. Punição e prisão para toda a gangue
Os novos fatos vindos à tona reforçam que o bolsonarismo, junto com o Alto Comando das Forças Armadas, formaram, e ainda formam, um grupo criminoso. Não só com pretensões de investir contra as liberdades democráticas, mas, também, roubar objetos públicos para repartir o dinheiro como uma verdadeira gangue de ladrões. 

Mas, se o Alto Comando das Forças Armadas continua blindado pela Justiça, pelo Congresso e pelo próprio governo Lula; Bolsonaro, porém, se vê a cada dia mais próximo da cadeia.
Bolsonaro tem que ir para a cadeia, sim. Mas, a cúpula das Forças Armadas também precisa ser investigada e punida pela tentativa de golpe e pela corrupção. 

É preciso acabar com essa blindagem, que tem como objetivo manter intacta a cúpula militar e a estrutura das Forças Armadas e, junto com isso, acabar com a excrescência do Artigo 142, esse resquício da ditadura, utilizado como uma carta coringa para servir como uma chantagem permanente contra as liberdades democráticas e, ainda, assegurar o poder e os privilégios que ganham com isso.

Justiça burguesa não vai derrotar a extrema direita e acabar com a corrupção
A expectativa da prisão de Bolsonaro vem animando parcela significativa da população e da classe trabalhadora. Com toda a razão, pois estamos falando de uma extrema direita que, durante os quatro anos que esteve no poder, foi responsável por centenas de milhares de mortes na pandemia; por duros ataques contra os setores mais oprimidos; pelos retrocessos nos direitos, como na Reforma da Previdência; pela destruição do meio ambiente e por crimes contra os povos originários, além da ameaça permanente às liberdades democráticas.

Mas é preciso perguntar: a prisão de Bolsonaro resolve os problemas com a extrema direita ou a corrupção? É preciso defender cadeia para todos os corruptos e golpistas, de Bolsonaro à cúpula das Forças Armadas, que conspiraram contra as liberdades democráticas, sem esquecer dos grandes empresários que financiaram o “8J”. Mas isso, por si só, não vai acabar com a ultradireita, muito menos com a corrupção.

Só a mobilização pode combater a ultradireita
Os sucessivos fracassos dos governos reformistas na América Latina, como o de Gabriel Boric (Chile), ao recente sucesso, na Argentina, do extremista de direita, Gustavo Milei, na esteira da enorme crise deixada por Alberto Fernández, comprovam como a extrema direita cresce e é impulsionada pela desmoralização da “esquerda”.

Já a reabilitação de Donald Trump, nos EUA, adverte para não confiarmos na justiça burguesa para derrotar a ultradireita, como faz o PT e grande parte da esquerda. Trump estava praticamente no chão quando uma série de processos judiciais forneceram o quadro perfeito para ele reforçar sua falsa imagem como uma alternativa antissistema. 

Aqui pode acontecer o mesmo. Ou seja, uma eventual ordem de prisão expedida por Alexandre de Moraes contra Bolsonaro não vai acabar com o bolsonarismo. Além disso, o Supremo Tribunal Federal (STF) é uma instituição comprometida com a estabilidade do regime burguês, igualmente corrupta, e que, por isso, não vai até o fim no enfrentamento com a extrema direita. 

Sem confiança na burguesia
Nem se pode confiar nessa burguesia hipócrita, corrupta e subserviente que, se hoje  parece querer ver Bolsonaro pelas costas, amanhã não hesitará em reabilitá-lo, ou a qualquer outro setor da extrema direita, como alternativa de poder. 

O mesmo pode ser dito sobre o Congresso Nacional, com o exemplo mais recente vindo da CPI do 8 de janeiro, em que se desenha o indiciamento dos “pequenos” para livrar a cara do Alto Comando das Forças Armadas.

Para enterrar a extrema direita é preciso mudar, de verdade, as condições sociais que a criaram e impulsionaram. E isso só vai acontecer a partir de um forte processo de mobilização social que enfrente, e derrote, os ataques em curso e o projeto econômico tocado por sucessivos governos. Projetos e ataques que Lula e Haddad, juntos com o Centrão, seguem implementando em sua essência.

Ultradireita: Reflexo da crise capitalista
Para enfrentar o bolsonarismo é preciso debater como foi possível a ascensão desse setor que surgiu e cresceu a partir de pequenos roubos e que, unido aos militares e a setores do capital financeiro e da burguesia, ainda permanece como alternativa para milhões de pessoas. 

Como exemplo, uma pesquisa da Quaest, realizada no olho do furacão das denúncias contra Bolsonaro, mostrou que 43% são contra a sua prisão, contra 41%. Ou seja, mesmo recuado, com as provas de sua delinquência à vista de todos, o bolsonarismo ainda mantém uma sólida base social.

Não há outra explicação para isso que não o longo processo de retrocesso e decadência vivido pelo país nas últimas décadas. Processo ligado a um papel cada vez mais subordinado do Brasil ao imperialismo e com o avanço da reprimarização da economia (produtor e exportador de recursos agrícolas e minerais), superexploração e rapina. 

Em suma, o bolsonarismo e o fenômeno da extrema direita são indissociáveis da recolonização vivida pelo Brasil e da própria crise capitalista.

28/08/2023 20:35:38




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