A verdade sobre o funcionamento do comércio no final do ano
ARTIGO
Afonso Schwengber
Tesoureiro do Sindicato dos Empregados no Comércio de Santa Cruz do Sul e Região
Os próximos dias 13 de novembro não serão mais iguais. Esta data, a partir de agora, será marcada pelo primeiro passo à vitória e liberdade dos trabalhadores, já que irá tramitar junto ao Congresso Nacional o Projeto de Lei que põem fim a escala 6×1.
Assim como ocorreu em 1932 quando houve a regulamentação e limitação da jornada diária de trabalho para 8 horas; em 1943 com a universalização do direito às férias aos trabalhadores ou em 1962 com a criação do décimo terceiro salário, a recepção das alterações fora nominada como desastrosas e um atentado contra o setor econômico, aliás, com a edição de tais direitos, as empresas iriam à falência. Neste momento, para alguns críticos, o acolhimento da alteração desta modalidade de escala ocasionará a ruina da economia nacional.
Mas paralelo a este momento que, mais uma vez, resta cristalino que os trabalhadores precisam descansar e usufruir de lazer para maior produção no ambiente de trabalho, os comerciários de Santa Cruz do Sul são surpreendidos pela negativa em reunir-se presencialmente para negociar a Convenção Coletiva de Trabalho. Para os empresários, as tratativas apenas devem ocorrer de forma escrita, sem encontros, para garantir, supostamente, maior formalidade.
Apesar de ter sido agendado quatro encontros presenciais, para uma reunião e exposição das reivindicações, todos foram negados pela entidade patronal, limitando-se a informar que ratificavam a proposta enviada em outubro deste ano. Sobretudo, o pleito empresarial baseia-se na liberação de feriados (com descanso previsto apenas para o Natal, Ano Novo e Dia do Trabalhador) e todos os domingos do ano. Entretanto, não levam em consideração os atos já realizados e os anseios dos empregados, que se manifestam contrários a falta de regulamentação, o labor em todos os domingos e feriados, conforme proposto. Assim, validamos que apenas com o diálogo vamos conseguir avançar e formalizar uma norma coletiva.
Pois bem, a situação não difere em Venâncio Aires, Mato Leitão e Vera Cruz, uma vez que para tais cidades houve a negativa patronal expressa em negociar o conhecido, há três décadas, calendário de Natal. A justificativa, rasa, está calcada no desinteresse dos empresários. Ou seja, mais uma vez os direitos dos trabalhadores devem ser deixados de lado em detrimento do chamado “fomento a economia”. Mas devemos nos questionar, economia para quem?
Os trabalhadores, mais uma vez, precisarão deixar seus filhos, suas famílias, seu lazer e descanso para estar à disposição de seus empregadores, mas este ano, sem qualquer garantia de que seus direitos serão efetivamente cumpridos.
Ora, de um lado o Brasil parece estar avançando, rumo a valorização daqueles que, efetivamente, carregam a economia do nosso País, mas de outro, nossa região retrocede ao não encarar o ofício que nos foi repassado como representantes da classe operária e empresarial, negando-se o diálogo.
Nossa busca por uma valorização dos trabalhadores não deve e não irá parar. A labuta para garantir os nossos direitos segue íntegra e unida.